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Vim, Vi e Comprei!

Vim, Vi e Comprei!

Sábado de manhã o relógio registra nove horas pontualmente. Na saída do metrô São Bento, no centro da cidade de São Paulo, pessoas vindas de diferentes direções se encontram no apertado corredor da estação para então desembocarem em um outro universo que ficou conhecido como a rua 25 de Março. Se você nunca pisou aqui basta lembrar-se das denominações das palavras Caldeirão [grande panela] e Efervescência [ato de ferver] e somar uma a outra. O resultado talvez seja uma aproximação do que a rua – que na verdade configura um conglomerado de ruas e ladeiras – oferece como experiência de segunda a segunda – e feriados. Se sua decisão é aventurar-se por este novo mundo, – no clima da expressão Vim, Vi e Venci dita, em 47 a.C., pelo general romano Júlio Cesar ao vencer mais uma grande batalha – calce seus mais confortáveis tênis, coloque roupas leves e descendo pela Ladeira Porto Geral encare o turbilhão de vendedores anunciando no gogó as promoções, compradores, curiosos, policiais, ambulantes e carros que vem logo a seguir.
25 DE MARCO 2 CREDITO por deltafrut
Pessoas e carros se misturam na 25 de março

Localizada na cidade que se autodenomina cidade de todos os povos, a região comporta lojas de chineses que dominam o comércio de eletrônicos, bolivianos pelas ruas vendendo xales e árabes a frente de lojas de jóias e tecidos. Com nascimento associado ao século 19, a 25 de Março atualmente é procurada por quem deseja preços populares – na compra por varejo ou atacado – de artigos descartáveis e lembrancinhas para festas, fantasias de carnaval, bijuterias, matéria prima para peças artesanais, produtos importados de toda espécie, eletroportáteis, brinquedos, tecidos, enxovais… e vários outros itens que você acaba comprando embalado pelos bons valores. A pluralidade de opções de compra – são mais de 1400 lojas cadastradas e tantos outros ambulantes – fez a fama de lojas como Armarinhos Fernando, Camicado Atacadista, Depósito de Meias São José e a Doural Presentes. Para os consumistas natos o roteiro segue para a rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, que se popularizou por conta das centenas de lojas de roupas femininas, principalmente moda festa, que predominam em seu arredor. Vestidos longos, longuetes e curtos, com bordados, estampas ou lisos são comercializados das 8h às 18h durante a semana, e aos sábados até as 14h. Com calma, a procura revela também tesouros como bijuterias a partir de R$ 1,00 ou conjuntos de calcinha e sutiã por R$ 20,00.
SAARA credito por Jorge Lascar
Multidão na temporada de Natal no SAARA

Partindo de terras paulistanas para o Rio de Janeiro, o destino é a Rua da Alfândega popularmente chamada de Saara, e que nada tem em comum com o deserto. Muito pelo contrário, a Sociedade dos Amigos e das Adjacências da Rua da Alfândega – por isso SAARA – é um gigante conglomerado de 1200 lojas que se estendem por 11 ruas do centro da cidade, onde diariamente circulam cerca de 70 mil pessoas. Plural, a rua que passou a receber este nome a partir do século 18, devido à localização na proximidade da Alfândega, conta com comércios comandados por libaneses, turcos e sírios onde é possível encontrar artigos carnavalescos, móveis e roupas indianas, moda infantil, perfumarias, restaurantes de comida árabe, presentes importados, artesanato em palha, flores, vestidos de noiva. De olho no melhor serviço para o cliente, algumas lojas que compõem o SAARA – como a Rachel Jóias e a Fotoplan – contam com site onde é possível ver os produtos disponíveis e comprá-los online, sem a necessidade de gastar o sapato em alguns quilômetros caminhados debaixo do sol carioca. Mais ao sul brasileiro, em Criciúma, Santa Catarina, quem pergunta pelos endereços de boas lojas do mercado atacadista e varejista, recebe sempre uma única resposta: Rua Henrique Lage. Localizada no centro da cidade, a região tem como marca os pontos comerciais de roupas, destacando-se as confecções que produzem e vendem criações próprias. Mas há espaço para lojas de calçados, A confusão de pessoas ou de barulhos, de longe não se assemelha à da paulistana 25 de março, mas há diversidade suficiente para encontrar bons produtos a preços tentadores.

Com a animação impressa em seu cotidiano, a Ladeira da Barroquinha, em Salvador, na Bahia, representa fielmente o verdadeiro universo popular ao distribuir por sua extensão bancas que vendem peças de roupas – para adultos, adolescentes e crianças – e muitos artigos em couro, como bolsas, sapatos, carteiras, sandálias e chapéus com preços competitivos. Entre uma banca e outra prevalece o som dos vendedores anunciando as promoções e o burburinho das pessoas na dúvida sobre o que comprar. Ainda no nordeste brasileiro, o Beco da Poeira, em Fortaleza, Ceará, é unanimidade entre quem procura uma boa pechincha e variedade infinita em meio aos mais de dois mil boxes que formam a área e que vendem acessórios, lingerie, moda praia, jeans, sapatos. Incentivado pela curiosidade vale o esforço, a paciência e o jogo de cintura para passar em meio às bancas grudadas umas as outras e levar uma lembrança do Beco.

Calle Florida
Em Buenos Aires, Argentina, uma das grandes referências de comércio é a Calle Florida, que concentra diversas lojas com incontáveis produtos e souvenires. Nessas imediações turistas de todas as partes – Alemanha, Brasil, China, Itália – se encontram para arrematar boas ofertas. A caminhada pela rua argentina rende compras de botas, casacos de couro, jaquetas, acessórios, lãs, perfumes, além de restaurantes para saborear a autêntica parrillada [churrasco local] e cafés para esquecer da vida. No meio de tudo isso, entre um cruzamento e outro da Florida com outras ruas, casais sempre charmosos celebram os movimentos do tango.

Fotos: Jorge Lascar, Deltafrut, Dan de Luca


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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