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48 Horas em Puerto Varas

48 Horas em Puerto Varas

A chance apareceu e restam a você 48 horas para conhecer uma região de medidas tímidas, mas com peculiaridades e arredores que em poucos minutos poderão te conquistar. Puerto Varas, dona de 38 mil habitantes, está localizada no sul do Chile, distante das tragédias que recentemente envolveram 33 mineiros, e muito próxima de um clima charmoso que inclui arquitetura alemã de hotéis e casas suntuosas, vegetação montanhosa encoberta por neve e o lago Llanquihue, o maior do Chile com 877 quilômetros quadrados de extensão e 360 metros de profundidade. O tempo por aqui vaga silencioso, com a vantagem de que independente de onde você se hospede, estará sempre muito perto de tudo, a poucos minutos de distância.

O centro da cidade de poucas ruas apertadas enumera diversas lojas de artigos de lã, espaços para artesãos locais e pequenos restaurantes de atmosfera intimista e bares convidativos ao público jovem. Por aqui, se comem deliciosos pratos à base de peixes – uma vez que a cidade é grande produtora de truta e salmão – em locais como La Olla e La Rada, além de massas apetitosas em ambientes como o agradável Pastagônica. Para acompanhar, opte pelos vinhos chilenos, apreciados em todo o mundo, ou para quem não abre mão de uma boa cerveja, a recomendação é pegar o carro e seguir para Frutillar, onde, com um pouco de sorte, poderá conhecer o processo de produção da Cervejaria Colonos. Ao todo o local produz seis tipos de cervejas artesanais, sem conservantes, que precisam ser consumidas em até três meses.

Pela estrada 225 Petrohué, em Puerto Varas, uma viagem de 45 minutos conduz aquele que pode ser chamado de maior ponto turístico da cidade: o gigante vulcão Osorno. Constantemente encoberto por neve, o vulcão é notado de diferentes ângulos, principalmente nos meses de janeiro, fevereiro, junho, julho e dezembro. Mas nada se compara a experiência de tocá-lo com os pés. Osorno mede 2652 metros de altura e sua última erupção foi registrada no século 19, quando por aqui excursionava o pesquisador Charles Darwin. O frio e a chuva constante fizeram o cientista crer que nenhum “ser humano poderia viver neste território”. Atualmente, em sua extensão funciona a pequena estação de esqui Volcán Osorno, onde se aproveita desde descidas emocionantes, até a paisagem branca apreciada do alto de um extenso teleférico. Basta ser suficientemente corajoso para enfrentar o vento gelado que se soma à garoa fina.

PV INT

Deixando a neve para trás, vale desembocar no Parque Nacional Vicente Pérez Rosales que se distingue pela natureza preservada e pelo som que predomina em suas extremidades e que conduz o viajante à proximidade do Lago Esmeralda. Os sons se encontram nas corredeiras do lago que naturalmente prende a atenção por conta das águas de tonalidade azul expressiva, advindas das geleiras do vulcão Tronador. O efeito se deve a presença de calcário na superfície do lago que em contato com a luz adquire esta coloração. Nas fronteiras do parque as plantas e árvores estão devidamente identificadas, como é o caso da Tepu, ou cientificamente Tepualia Stipularis, e em todo o caminho há bancos estrategicamente posicionados para garantir fotos memoráveis. Faz parte da estrutura do parque pequenos mirantes, uma loja de souvenires e uma cafeteria.

Com todo território envolto pela colonização alemã, visível num apetitoso prato de chucrute ou na arquitetura à base de Allerce – madeira própria ao clima -, Puerto Varas não poderia abrir mão de ter um espaço que ilustrasse a cultura e costumes deste povo. No Museu Braunau, dois andares de um antigo estábulo direcionam você ao passado em meio a instrumentos que evidenciam de um lado a inventividade, e de outro o dia-a-dia de uma família alemã de séculos passados. No acervo estão presentes pinças para pegar roupas quentes, vestido de noiva preto, louça de cozinha, máquina de lavar roupas e centrífuga, ambas de madeira e manuais, e milhares de outros itens, além de uma cafeteria que funciona apenas na alta temporada.

PV

Um pouco mais afastado da cidade um passeio de catamarã conduz a Peulla. Antes do desembarque, as montanhas nevadas da Cordilheira dos Andes entram majestosamente em cena retendo, até mesmo, o mais desatento olhar. Muitas fotos depois, em Peulla o embarque em uma jardineira 4×4 leva, entre gritos e solavancos, a um caminho acelerado por terra e por água. Na volta, um grande campo aberto esconde um mini-zoo, mas com animais típicos de lá, como é o caso da lhama e das ovelhas. Não marque bobeira com alimento nas mãos, já que as lhamas podem ser ligeiras. Com dia esvaindo-se, escolha a melhor poltrona do Hotel Natura para apreciar com uma taça de vinho à mão o sumiço dos raios de sol. Ao avistar que os minutos passam em ritmo acelerado, denunciando o fim de dois dias de viagem, o melhor é arriscar um pedido: por que não mais 24 horas?

Hora Chilena
Em Puerto Varas, assim como em todo território chileno, as pessoas costumam praticar a Siesta, o que implica em um horário comercial diferenciado que determina funcionamento das 9h às 13h e das 15h às 19h, de segunda a sexta, e aos sábados até às 13h.

Almoço Diferente
Em Frutillar, em uma ruela apertada está o Se Cocina, um restaurante que tem como proposta oferecer diferentes experiências aos visitantes, como cozinhar a própria refeição. Aberto para grupos, apenas com hora marcada, o no restaurante o chef convida o público a ajudá-lo a preparar os pratos do cardápio, e a cliente são servidos

Para saber mais:
Cervejaria Colonos www.cervezacolonos.cl
Visit Chile www.chile.travel


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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