Nas areias do Oriente

Sou um viajante nato e um eterno apaixonado pela oportunidade que temos de conhecer novos lugares, culturas e pessoas. Impulsionado por esta característica que carrego em meu DNA, escolhi viver, na companhia de familiares e alguns amigos, uma experiência diferente: vivenciar a temporada do carnaval brasileiro, no acalorado Dubai, um dos sete Emirados Árabes. E dali, partir para um cruzeiro por outros Emirados e por Muscat, capital do Sultanato de Omã. Na minha cabeça, o único objetivo era explorar as possibilidades de um território de costumes tão adversos aos nossos. Lá, com os pés na terra que torna tudo possível, a primeira impressão – e talvez a mais natural delas – é o espanto misturado à curiosidade, frente a grandiosidade que se estabelece em todos os sentidos. Ao desembarcar no Dubai International Airport, senti que chegava a uma verdadeira cidade aeroportuária, com oferta de diversas opções de serviços, cercada de luxo por todos os lados. O mais impressionante é a quantidade de lojas e, claro, as dimensões gigantescas do aeroporto. Já viajei muito por esse mundo, mas apenas em Atlanta, nos Estados Unidos, encontrei um aeroporto de tamanha grandiosidade. E pasmem, está em construção um novo aeroporto e, como tudo em Dubai, dizem ser o maior do mundo.

Logo na chegada, foi uma surpresa deparar-me com a desorganização no setor de imigração. Filas imensas para realizar o controle de passaporte e vistos. Acredito que o Emirado ainda não esteja totalmente preparado para a demanda turística que o acomete nos dias atuais. Mas confesso que fiquei ainda mais surpreso com a divisão entre os sexos. Há fila separada para as mulheres em vários lugares, como no setor de imigração. Existe, até mesmo, um local reservado só para elas no setor de desembarque, o qual apelidamos de cercadinho ladies VIP. Dali, em direção ao hotel, olhava pela janela pensando sobre a magnitude em que Dubai vai se transformar em poucos anos. São inúmeras e imensas construções, com destaque para as redes hoteleiras que decidiram se estabelecer por aqui, bem como, as multinacionais que descobriram neste solo várias oportunidades. No trajeto, avistei o edifício Burj Khalifa que é o maior e mais imponente de todos. Considerado o maior edifício do mundo, com 828 metros de altura, teve o seu nome alterado de Burj Dubai, devido ao empréstimo feito pelo Khalifa bin Zayed Al Nahyan, na época da crise em Dubai. Hoje o gigantesco prédio tem um hotel da grife Armani, inúmeros restaurantes, escritórios, um deck de observação, muitos flats e apartamentos com o metro quadrado mais caro em toda a cidade.
burj
Ao fundo, os traços do Burj Al Arab

As Faces de Dubai

A cidade é dividida em duas partes: a Dubai antiga, onde tudo começou, com uma vila de pescadores e produtores de pérolas, e a nova Dubai, que se vale da suntuosidade, e do estilo à moda Las Vegas em cada hotel, restaurante, complexo de lazer…. Todos os lugares são sofisticados e modernos, contudo, são cercados de muita extravagância em todos os sentidos. Emirado mais populoso, com aproximadamente 2,2 milhões de habitantes, parte deles estrangeiros que buscam novas oportunidades de vida e trabalho, Dubai é conhecida mundialmente por ser extremamente moderna, com uma ambientação futurista que lhe permite ser casa para enormes arranha-céus e largas avenidas. Impossível não ficar meramente chocado com a sequência de prédios que surgem um ao lado do outro. Mas a modernidade não atinge todos os aspectos de vida daqui. Devido a religião, o comércio de bebidas alcoolicas é extremamente controlado. Só os turistas podem beber, desde que dentro dos hotéis ou nos bares e restaurantes que estejam em zona turística. Os moradores de outras nacionalidades que ali se estabeleceram, precisam de uma autorização junto ao departamento de imigração, onde recebem uma carteira e podem comprar até 10% do valor do salário que recebem em bebidas alcoolicas, que só poderão ser consumidas nas próprias residências. Tudo isso muito bem fiscalizado, pois os lugares onde as bebidas são vendidas possuem um extremo e rigoroso sistema de controle realizado pelas autoridades locais.
KHALIFA
Burj Khalifa ainda é o prédio mais alto do mundo

Mundo de Areia

Numa tarde de sol, reconheci uma nova atmosfera, num safari pelo grande deserto. A experiência basicamente se dá em meio às areias que parecem abraçar todo o entorno de Dubai, e sem dúvidas, foi demais! O passeio começa com um rally, em veículos 4×4, pelas dunas e vai se estendendo até a noite. O rally foi algo que me empolgou do começo ao fim. Para que gosta de aventura e adrenalina é simplesmente imperdível! Nesse mesmo passeio, se pode andar a camelo, ver danças típicas e saborear um jantar em tendas no meio do deserto, tudo incluso no pacote do rally. O jantar é bem gostoso e repleto de comidas típicas, como os famosos kebabs nas suas mais diversas formas. A atração como um todo é super divertida. Todos os que nos acompanharam ficaram extremamente satisfeitos e com aquela vontade de repetir, no minuto seguinte. Para um panorama completo do mapa de Dubai, a recomendação é o clássico city tour, que permite conhecer locais como o Dubai Museum, que para uma cidade com tanta exuberância é um pouco acanhado, já que consiste em um pequeno local onde é possível, num breve olhar, resumir a história de um lugar que emergiu no meio do deserto em tão pouco tempo. De lá, partimos para o Gold Souk – o mercado do ouro –, caracterizado por inúmeras lojas que enlouquecem os turistas – e os cartões de crédito – com grande fartura de todos os tipos de jóias em sua maioria em 18k e 24k. É impossível resistir e não se render a tentação e não sair de lá sem ao menos uma peça. Dali, a melhor rota desemboca no mercado de especiarias. Os aromas daquele lugar ficam na memória. Estarão na minha lembrança para sempre.

Na face moderna de Dubai, o suntuoso hotel Burj Al Arab – famoso pelo formato semelhante a uma vela de barco – torna-se naturalmente um convite tentador. Conhecer a praia particular do hotel fez despertar um desejo incontrolável de ir adiante naquela sensação de luxo, e reservei um jantar no local junto com o restante do grupo. Aliás, quando não se está hospedado, esta é uma das únicas maneiras de entrar no Al Arab. E sonho tem preço. Neste caso, desembolsar cerca de U$ 200,00 por pessoa pelo jantar, com bebidas cobradas a parte. Antes do jantar, abrimos espaço na agenda para incluir uma parada no Souk Madinat Jumeirah, um complexo de lojas e restaurantes construído para o turista mais exigente, mas que pela sofisticação também atrai ao habitante local de maior poder aquisitivo. Uma excelente opção é o restaurante Toscana e, para aqueles que estão loucos por uma cervejinha no calor de Dubai, tem o Belgian Beer Cafe com inúmeras opções de cervejas belgas. A parada seguinte aconteceu em outro ponto turístico de Dubai, a palmeira artificial, chamada Palm Jumeirah, composta por inúmeros edifícios sofisticados e casas luxuosas distribuídas pelas ruas, no caso os galhos da palmeira. No final do trajeto não há um pote de ouro, mas sim, o gigantesco Hotel Atlantis, idêntico ao de Nassau nas Bahamas, e que já tive o prazer de conhecer.
PASSEIO 4X4
Passeio em carros 4X4 é garantia de emoção nas areias de Dubai

Com as estrelas apontando no céu, do nosso hotel – o fantástico Crowne Plaza – retornamos ao espetacular Burja Al Arab. Mas dessa vez para o nosso momento de glamour. O hotel tem uma arquitetura fantástica em formato de vela e contruído dentro de uma ilha artificial de areia. Desde a entrada, tudo, mais uma vez, me lembrou Las Vegas. Muito dourado, tecidos de veludo e carpetes estampados. É uma visão de luxo exagerada. O nosso jantar foi fantástico e depois pudemos conhecer as demais dependências do hotel. Foi uma noite maravilhosa. Eu até prometi a minha mãe e amada companheira de viagem, que iriamos retornar ao Burj Al Arab, mas dessa vez para uns dias de dolce far niente.

O Viajante
Geraldo Figueirôa Jr. atua na área de marketing da EMPETUR – Empresa Pernambucana de Turismo, mas certamente é um cidadão do mundo. Com passaporte carimbado para diferentes partes do planeta, não abre mão de visitar anualmente a Disney, nos Estados Unidos, e Buenos Aires, na Argentina. Ele fez esta coluna à convite da revista Brasil Travel News e certamente neste momento está no aeroporto partindo para uma grande nova aventura.


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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