O surto de coronavírus provocou um aumento significativo no consumo de notícias. Porém, a turbulência econômica está forçando as empresas de notícias a acelerar uma mudança para o digital. As informações foram divulgadas pelo Instituto Reuters para o Estudo de Jornalismo.
Os isolamentos impostos por causa do coronavírus levaram a um aumento global na visualização de notícias na televisão e na internet. Ao mesmo tempo, as preocupações com notícias falsas cresceram. O Facebook e o WhatsApp são vistos como os principais canais de divulgação das fake news.
Um panorama geral mostra que a pandemia está acelerando as tendências provocadas pela revolução tecnológica. Aí estão inclusas a ascensão dos smartphones como interface de consumo de notícias. O resultado veio de um relatório anual sobre notícias no meio digital realizado pelo Instituto Reuters.
Manchete digital
“A manchete é que vemos uma mudança acelerada para a mídia digital, mídia móvel e vários tipos de plataformas”, disse Rasmus Kleis Nielsen, diretor do Instituto Reuters, por telefone.
“Isso vem acompanhado por um declínio contínuo da confiança nas notícias e preocupações crescentes com informações erradas, principalmente nas mídias sociais e por alguns políticos.”
O maior aumento de preocupação com a desinformação da mídia ocorreu em Hong Kong. Na cidade, manifestantes antigovernamentais se opuseram às tentativas da China de reforçar seu controle da ex-colônia britânica.
O negócio de notícias permanece incerto, à medida que a mídia em todo o mundo está cortando funcionários para lidar com uma queda drástica na receita de publicidade.
Crescimento do pagamento por notícias online
Mas um raio de esperança pode ser o fato de que um número crescente de pessoas está disposto a pagar por notícias online, embora isso também possa aumentar a desigualdade de informação, pois muitas não podem pagar pelo jornalismo de alta qualidade.
E um outro processo pode ser visto: cerca de metade dos que assinam qualquer pacote online ou combinado nos Estados Unidos usam o New York Times ou o Washington Post, segundo o Instituto Reuters.
Uma tendência semelhante pode ser observada no Reino Unido com o The Times ou o Telegraph.
E para aqueles que preveem o domínio das notícias em vídeo, o Instituto Reuters descobriu que em vários países, incluindo Reino Unido, Austrália, França e Coreia do Sul, pessoas com menos de 35 anos preferiram ler ao invés de assistir notícias online.
O Instituto Reuters para o Estudo de Jornalismo é um centro de pesquisa da Universidade de Oxford que acompanha as tendências da mídia. A Thomson Reuters Foundation, braço filantrópico da Thomson Reuters, financia o instituto.