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Ah, os olhares…

Ah, os olhares…

Tive a oportunidade de conhecer a Jordânia há exatamente um ano. Até então, nunca havia estado em um país árabe. Confesso que havia um certo temor sobre como seria o encontro entre culturas tão diferentes. Na conexão em Dubai, o medo dobrou de tamanho. Isto porque, ao sair do aeroporto em direção ao hotel, vi duas situações bastante curiosas: primeiro, uma mulher com o corpo todo coberto por um tecido preto. Apenas seus olhos ficavam à mostra e ainda assim, sobre eles havia uma espécie véu preto transparente. De longe, ela se assemelhava a um vulto. Já do lado de fora, novamente mulheres bastante cobertas, deixando apenas os olhos visíveis, mas dessa vez a curiosidade estava no fato dessas mulheres serem taxistas. Sim, a bordo de seus carros cor de rosa, elas atendem as mulheres que não se sentem à vontade em embarcar em carros dirigidos por homens. Interessante, não? Já em Amã, na capital da Jordânia experimentei outra sensação: a de ser constantemente observada. Por ser uma cultura com costumes tradicionais e com uma relação com a pele completamente diferente da brasileira, os olhares de admiração ou curiosidade são constantes. Principalmente, quando há mulheres caminhando de calças jeans ou de blusas regatas, e por que não mergulhando com os nossos brazilian bikinis? Numa Terra onde a máxima é o burquini, tal cena é como uma explosão de pele para eles. Contudo, para evitar constrangimentos, de ambos os lados, prefira andar com os ombros cobertos por um lenço, e pelo centro da cidade, abuse de roupas soltas, e deixe as opções mais justas para o solo brasileiro. Com esses mínimos cuidados, você acaba por perceber que as diferenças desaparecem em meio a alegria cativante – quase latina – dos jordanianos. Antes de partir, uma última situação arrebatou meu coração e, na verdade, me ajudou a compreender melhor os costumes árabes. Eu estava numa lojinha no meio do deserto de Wadi Rum, e na prova de uma das peças, uma surpresa à moda árabe: ao ser questionado sobre a beleza de uma bata no meu corpo, um dos vendedores beduínos, antes de responder, cobriu meu rosto, deixando aparecer somente os olhos, para então responder Agora, você está linda.


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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