Viaje para fazer amigos

Outro dia me perdi em pensamentos vendo algumas fotos das minhas viagens publicadas no Facebook. As memórias são tantas. A histórias publicáveis – e impublicáveis – são tantas outras. A primeira press trip que fiz teve contornos tímidos, a bordo de uma van desci em direção ao litoral, mais precisamente para Santos, onde me apaixonei pelo centro histórico, pelo passeio de bonde e pela Bolsa de Café. Lá eu conheci a Luciane, que coincidentemente era repórter da Anna Paula, com quem eu viria a dividir uma viagem maravilhosa pela Jordânia. Em 15 dias pelo país do Oriente, a união entre 10 jornalistas tinha tudo para dar errado, mas se tornou um grande encontro de amigos. Incluindo o guia Ibrahim, que trouxemos no coração. Lá dividimos a emoção de acompanhar o por do sol no deserto de Wadi Rum, experiência que te permite apreciar todos os sentimentos possíveis em um único instante. A Priscilla, por exemplo, se transportou para um ambiente de paz particular e depois se derramou em lágrimas. De volta a São Paulo, a mesma Priscilla presenteou os novos amigos com um jantar árabe em sua casa. O Samuel veio de Santos para o jantar, e se hospedou lá em casa, divertindo meus pais com suas histórias pela Jordânia. Hoje, o Samuca mora na Argentina, mas continua sendo um ouvido amigo dos meus “causos”.

Enfrentava o frio uruguaio em Punta del Este quando conheci a Silvana. Sempre séria, pensei que ela não seria mais uma amizade que eu traria na mala. Dois dias de convivência, e dávamos risadas como se nos conhecêssemos há séculos. Dançamos juntas no Hotel Conrad e nos divertimos com as compras nas ruas uruguaias. Quem diria que um tempo depois, eu estaria tentando sobrevier ao calor do Marrocos com a Rosângela, comadre da Silvana. Lá curtimos o requinte do Taj Palace, bem como, gastamos o sapato pelos souks onde desenvolvemos o raro talento de fazer compras no modo express: em 30 minutos compramos metade de Marrakesh. A Melissa também estava nesta viagem, e na companhia dela viajamos à Paris, cidade a qual jurei amor eterno. Muitos meses depois, em Cuba, eu dividiria o quarto com a Renata, parceira de redação da Melissa. A identificação foi imediata, e além de boas risadas, exploramos o mercado ilegal de charutos, dormimos em hotéis que desafiavam os limites da precariedade, tomamos litros de rum e ainda nos irritamos com turistas russos. Lá se iniciou a amizade com a Yami, a cubana mais brasileira de que se tem notícia. Anteontem, Yami me parabenizou pelo meu aniversário, assim como, a Anna Paula, a Priscilla, a Renata e tantos outros amigos. Hoje é aniversário do Otaviano que eu conheci em Campos do Jordão por culpa do Geraldo, duas pessoas apaixonantes. Outro dia nos encontramos em Porto de Galinhas, um pedaço de paraíso na Terra e por lá eu me acabei de rir – e de dançar – no Biroska.

Sempre que pego a estrada, ou embarco em longas horas de voo, fica aquele medinho do desconhecido. Mas também existe a excitação de saber quem conhecerei, quem estará ao meu lado, quem voltará na mala comigo. E isso, sem dúvidas, é uma das mais sedutoras motivações para se viajar. Viaje para visitar lugares, para escrever histórias novas e para descobrir a cultura do mundo, mas também para conhecer pessoas. Para trazer uma pitada de cada um desses temperos e construir uma mistura particularmente deliciosa.


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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