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Oito horas de amor em Paris

Oito horas de amor em Paris

A capital francesa nunca esteve no topo da minha lista de destinos. Não por implicância, mas pelo mesmo motivo que de repente a Austrália não figure no seu top 10, enquanto eu me derreto pela Terra de cangurus e da Opera House. Talvez em virtude do que chamamos inconsciente coletivo, Paris não saiu da minha time line nos últimos dias. Ou talvez, as passagens para lá tenham ficado mais baratas. Tanto faz o motivo. A questão é que numa hora ou outra, é imprescindível desembarcar na Cidade Luz e desfrutar de seu encantador charme invisível. Mas como gostar de algo que não se vê? Sinta. Ainda que soe clichê, Paris tem aquela energia do primeiro encontro, que te faz sentir borboletas no estômago por conta da expectativa, por conta da ansiedade pela descoberta.

Desembarquei na cidade meio que por acaso, vindo de uma viagem pelo Marrocos. Por lá eu tinha oito horas de conexão, então, nada mais justo do que gastá-las do lado de fora do aeroporto Charles De Gaulle. A primeira surpresa foi sair da área de desembarque do aeroporto direto para o centro da cidade utilizando o metrô, algo no mínimo utópico – ou muito distante – para nossos deficientes aeroportos de Guarulhos e Congonhas. No vaivém de pessoas, atravessando praças e ruas para lá de limpas, fui sendo conquistada por pequenos bistrôs, por esculturas magníficas, centros culturais, por uma vibração positiva sem explicação, até que eu o avistei. Quem? Um francês qualquer – absolutamente lindo – que retornava do mercado, com uma garrafa de vinho numa mão, e cenouras na outra. Fiquei apaixonada pelo fato de ver um homem bonito e que sabia cozinhar. E tudo isso em Paris!
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Mais alguns quarteirões correndo –literalmente – e lá estavam os primeiros traços da Torre Eiffel, que em virtude de sua altura, foi revelando suas armações de ferro, aos poucos. Como num verdadeiro jogo de sedução, no qual peça a peça vai caindo. Ao vê-la na totalidade, só consegui sorrir. E eu nem sei o porquê. Senti-me arrepiada, e também não sei o porquê. Olhava para cima super orgulhosa do trabalho de Gustave Eiffel e torcia para que meus poucos minutos se tornassem horas. Admirei tudo com intensidade, para que tudo ficasse perfeitamente registrado na minha memória. Mas e se eu perdesse o voo de volta para casa? Com tempo para uma foto registrada por um simpático estranho e um sanduíche à beira do rio Sena, fiz uma festa no meu imaginário, com direito a fogos de artifício, e deixei um pedaço de mim por lá. Como disse, nunca tive pretensões sobre Paris, mas ela, como aquele cara meio desajeitado, mostrou que as borboletas no estômago surgem nos pequenos detalhes, naquele olhar certeiro. Deixe, então, que Paris te desnude. Não tive a minha Meia noite em Paris, mas certamente vivi as oito horas mais deliciosas de um louco amor.

Fotos: Yann Caradec e Juan Moreno


Flávia Lelis, editora de conteúdo online e amante de viagens por natureza

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